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Imunoterapia na reprodução assistida: como novas abordagens médicas podem auxiliar mulheres com falhas de implantação

Oluwatosin Tolulope Ajidahun explica que, na medicina reprodutiva, a imunoterapia surge como uma esperança para mulheres que enfrentam falhas de implantação embrionária, mesmo quando utilizam embriões considerados de excelente qualidade. Esse tema, antes restrito a ambientes acadêmicos, tem ganhado relevância nos consultórios especializados, pois cada vez mais estudos apontam que desequilíbrios do sistema imunológico podem estar na raiz dos insucessos reprodutivos.

Ainda assim, o assunto desperta cautela, porque a interação entre imunidade e fertilidade é extremamente complexa. Enquanto em muitos casos a causa das falhas de implantação está ligada a fatores anatômicos ou hormonais, há mulheres cujo corpo identifica o embrião como um invasor, provocando reações inflamatórias que impedem sua fixação no útero. Esse fenômeno desafia especialistas, que buscam formas de equilibrar a resposta imune sem prejudicar a saúde da paciente.

Entendendo o papel do sistema imunológico na fertilidade

Entre as questões mais estudadas está a atividade das células natural killer (NK), presentes no útero. Para Tosyn Lopes, níveis excessivos dessas células podem gerar substâncias inflamatórias que dificultam a implantação embrionária ou aumentam o risco de abortamento precoce. Além disso, distúrbios imunológicos podem alterar a produção de citocinas, moléculas responsáveis por regular o ambiente uterino e a receptividade endometrial.

Novas abordagens com imunoterapia podem ser a chave para quem enfrenta dificuldades reprodutivas, aponta Oluwatosin Tolulope Ajidahun.
Novas abordagens com imunoterapia podem ser a chave para quem enfrenta dificuldades reprodutivas, aponta Oluwatosin Tolulope Ajidahun.

Muitas vezes, mulheres que sofrem falhas repetidas na fertilização in vitro (FIV) não apresentam alterações estruturais ou hormonais perceptíveis. É justamente nesses casos que se torna essencial investigar possíveis causas imunológicas. O grande desafio é que essas alterações geralmente não causam sintomas clínicos, passando despercebidas até que insucessos reprodutivos persistam.

Abordagens imunológicas em estudo

Os avanços na área têm levado ao estudo de diversos tratamentos para modular a resposta imunológica. Imunoglobulinas intravenosas (IVIg), intralipídios e até medicamentos biológicos que bloqueiam substâncias inflamatórias são algumas das terapias investigadas para reduzir a agressividade do sistema imune contra o embrião. Contudo, Tosyn Lopes pondera que, embora existam estudos promissores, ainda não há consenso científico sobre quando e para quem essas intervenções são realmente eficazes.

Além do custo elevado, há riscos envolvidos no uso de terapias imunológicas, o que exige uma análise minuciosa de cada caso. Por isso, o uso dessas técnicas deve ser reservado a pacientes selecionadas, após exames específicos que confirmem a origem imunológica das falhas reprodutivas.

Avanços no diagnóstico e na personalização do tratamento

Conforme ressalta Oluwatosin Tolulope Ajidahun, a medicina reprodutiva tem evoluído significativamente na identificação de fatores imunológicos ligados às falhas de implantação. Testes como o ERA (Endometrial Receptivity Array) conseguem determinar se o endométrio está preparado para receber o embrião no momento certo. Paralelamente, exames que avaliam a proporção de células NK no útero ou a presença de anticorpos específicos têm se tornado aliados no planejamento do tratamento.

Ainda que pesquisas recentes investigam o papel do microbioma uterino na fertilidade. Há evidências de que desequilíbrios na flora bacteriana do útero possam gerar inflamações silenciosas, prejudicando o ambiente onde o embrião precisa se implantar. Embora seja uma área ainda em desenvolvimento, essas descobertas abrem caminhos para tratamentos menos invasivos, como o uso de probióticos, para melhorar a receptividade uterina.

Futuro da imunoterapia na reprodução assistida

No cenário atual, considera-se fundamental que as pacientes compreendam que a imunoterapia não é indicada para todas as mulheres com falhas de implantação. O futuro, porém, caminha para a individualização do tratamento, onde terapias específicas serão aplicadas apenas às mulheres que apresentem alterações imunológicas comprovadas, aumentando assim as chances de sucesso e evitando riscos desnecessários.

Por fim, Tosyn Lopes acredita que, apesar das incertezas, a imunoterapia representa uma oportunidade importante para casais que há muito buscam a realização do sonho da maternidade. O fundamental é buscar clínicas e profissionais capacitados, capazes de identificar quais pacientes realmente podem se beneficiar dessas novas estratégias e oferecer segurança em cada etapa do tratamento.

Autor: Ziezel Xya

As imagens divulgadas neste post foram fornecidas por Oluwatosin Tolulope Ajidahun, sendo este responsável legal pela autorização de uso da imagem de todas as pessoas nelas retratadas.

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